Como tem sido afetado o poder de compra do marianense
Um fenômeno que afeta a economia mundial, nacional e regional é a inflação. Este é um processo caracterizado pelo aumento generalizado de preços, ou seja, ocorre uma desvalorização da moeda e perda do poder de compra por parte da população de determinada economia. Tal evento pode ser ocasionado por fatores como o aumento na demanda (procura) de determinado bem sem que haja um aumento compatível na oferta, sendo a chamada inflação de demanda. Também ocasionado pelo aumento nos custos de produção (como matérias-primas, elevação do combustível ou aumento da taxa de juros) de determinados bens e sendo essa a inflação de custos, por meio da inflação estrutural que é decorrida de falta de eficiência de infraestrutura, por meio do aumento da base monetária em alguns casos (total de dinheiro na economia) ou desvalorização perante o câmbio, tornando as importações mais custosas e estes produtos dentro de um país mais caro.
Por ser uma média, a inflação tem peso diferente nas famílias, tendo em vista que determinado bem possa ter um maior peso no orçamento de uma família, fazendo com que a mesma consuma mais deste, enquanto em outra família este peso possa ser menor. Se uma família prioriza o consumo em educação e despesas pessoais, por exemplo, e este grupo sofre uma queda de preço, a percepção de inflação para estes será diferente da de uma família que prioriza por exemplo o consumo em combustível, que tem sofrido aumentos constantes.
Como o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é um índice nacional, sentiu-se a necessidade de fazer um índice regional da cidade de mariana (IPC-MARIANA), por meio do programa “CiDATAnia – Sociedade & Estatística”, iniciativa dos professores do Departamento de Ciências Econômicas e Gerenciais e do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Ouro Preto, uma vez que Mariana é uma cidade de extrema importância socioeconômica para o estado de Minas Gerais, tendo sido a primeira capital mineira. Com base nesses índices é possível entender melhor o perfil econômico regional e traçar alternativas para que se contorne os problemas de elevação nos preços. Quando é dito que a inflação caiu, é porque o índice IPCA foi mais baixo que no mês ou ano anterior. Isso não quer dizer que houve uma redução de preços, já que a redução de preços implica em deflação, que é quando o índice IPCA é negativo.
Para calcular o IPC-MARIANA são utilizados 7 grupos, cada qual com seu peso, representando o perfil do consumidor na cidade de Mariana. Podem ser vistos os pesos e os grupos na imagem abaixo retirada do boletim informativo do IPC:
Gráfico: IPCA-MARIANA Dados: IPCA-MARIANA
Do mês de abril ao mês de março, houve um Índice de Preços ao consumidor de Mariana de -5,2% e no ano de 2018 até o momento -6,18%, representando uma deflação (queda nos preços). No Brasil, a inflação acumulada (total de inflação) do mesmo período foi de 2,87%, do ano até o momento de 0,92% e no ano passado de 2,94%. A meta de inflação do país, que seria uma taxa ideal para a economia, é de 4,5% ao ano. Também é importante ressaltar que embora uma queda de preços ou baixa inflação seja no geral um indicativo econômico bom, nem sempre a deflação é benéfica para uma economia, uma vez que quando a deflação se torna uma tendência pode ser implicada por falta de consumo (principalmente quando se tem desemprego alto), forçando empresas a abaixarem preços ou até mesmo levando-as à falência. Tanto uma deflação persistente como uma inflação persistente podem ser perigosos para a saúde da economia local.
Os grupos principalmente responsáveis por reduzirem a inflação foram os de vestuário, habitação (que inclui botijão de gás, energia elétrica, dentre outros fatores), alimentação e saúde e cuidados pessoais. Com isso é possível concluir que houve uma queda nos preços da cidade de Mariana, aumentando o poder de compra do dinheiro, mas com a contrapartida de que a cidade está com o desemprego alto por conta da paralisação das atividades da Samarco principalmente.
Para contornar a inflação geralmente o governo utiliza a taxa de juros, sendo elevada para patamares que retirem moeda de circulação e impeçam a contaminação geral dos preços, mas a expansão da capacidade produtiva por meio de aumento da poupança, investimentos em infraestrutura, maquinários, dentre outros fatores de produção são de extrema importância para controlar também o nível de preços.
Inflação Mariana x Brasil
Gráfico: Consecon Jr. Dados: IPC-MARIANA